Senti o meu corpo desfalecer. Um terrível vazio apoderou-se de mim, como se me desprendesse de mim mesmo, senti-me a vaguear pelo universo, pelo vazio, faltava-me algo, faltava-me tudo. De súbito uma gura olha-me nos olhos, co perplexo pela sua sionomia, pela sua beleza, indica-me para a seguir, e eu, como que siderado pela sua hipnotizante presença, segui-a.
Como era belo o seu olhar e o seu caminhar, como se utuasse. Imaginei-me num conto de fadas, quando á minha frente emerge um palácio, sumptuoso, majestoso, e nos seu belos jardins a perfeita donzela pára, e junto a ela uma gura estranha, só com uma cabeça, rica. Continuo a percorrer o espaço e surgem umas guras pequenas e esbel- tas sobre um muro, como por magia tudo se envolve com a donzela. Novas formas estranhas aparecem, com coroas, reis e rainhas estranhas. Uma porta abre-se e embrenhamo-nos dentro do palácio, escadas, corredores, quartos, tudo belo, ostensivo, sublime e sempre, sempre peças estranhas en- volvendo a donzela.
Máscaras misteriosas, mesas invulgares, lanternas fascinantes, caixas de segredos, jarras, chaves de ouro, prata e cobre, rico, belo, opulento, requintado e precioso. Um telefone pousado sobre um sapato toca, a luz dum can- deeiro em forma de boneco cega-me, sobre mim na parede as máscaras olham-me, sobre a mesa colorida de argolas agarro os óculos. As ores da jarra estão ali, junto á caixa com chave onde guardo os meus segredos. No chão o meu gato de pêlo eriçado constante, ignora-me. As velas de cera perfumadas ainda ardem. Pego nas chaves, pousadas na taça de bicos e abro a porta da rua. Vivi um sonho, não é uma ilusão, é...BYFLY